quarta-feira, 1 de junho de 2011

Não demore para voltar

Uma das parábolas mais conhecidas da Bíblia é a do chamado “Filho Pródigo”. Pródigo... “Que dissipa a fortuna loucamente ou a compromete com gastos excessivos”. No contexto da parábola, é também aquele que consome não somente seu dinheiro, mas sua própria vida, de forma inconsequente.
Para quem não conhece o texto, leia-o em Lucas 15. Trata-se do relato de Jesus a respeito de um jovem que morava com seus pais, tinha tudo, mas queria experimentar a vida fora do contexto de sua casa. Pediu ao seu pai que, ainda que vivo, lhe adiantasse a parte que lhe cabia de sua herança. O pai, contrariado, fez a vontade do filho, que juntando tudo partiu para longe.
Longe da casa de seus pais e com bastante dinheiro, não lhe faltou companhia, não lhe faltou amores, não lhe faltou oportunidades. Viveu loucamente. Numa visão materialista e moderna, seria o playboy com um carrão do ano e roupas de marca, tirando onda de balada em balada. Repleto de “bons amigos” e mulheres à sua disposição...
A Bíblia relata que chegou o dia em que o rapaz já tinha gasto tudo. Sem dinheiro, ficou sem companhias, sem amores e sem oportunidades. Na mesma época a terra onde estava foi atingida por escassez e fome. Foi trabalhar numa fazenda qualquer, no mais desprezível trabalho para um judeu... O chiqueiro! No fundo do poço, sozinho, sem o calor da família, sem o sorriso dos verdadeiros amigos, distante da mesa farta dos velhos tempos, desejou comer da lavagem dos porcos.
Com as narinas impregnadas do mau cheiro, atolado na lama e nas fezes... No fim de si mesmo... Ele decide voltar! Na fazenda de seu pai, o pior dos empregados vivia melhor do que ele. No retorno, palavras ensaiadas para dizer a um pai que nunca perdeu a esperança... “Trata-me como um de seus empregados!”. Mas, não foi assim... O olhar triste do pai no horizonte se transforma. O filho que estava perdido, foi achado... Aquele que estava morto, reviveu! No meio do caminho o abraço sela um novo começo. O filho que abandonou a casa, a família e as dádivas do lar, estava de volta!
Esta história reflete a vida de muitos homens e mulheres que um dia se aventuraram a deixar espiritualmente o aconchego da família de Deus, da igreja, para conhecer um mundo distante.
É fácil perceber a similaridade. Quem já desfrutou do amor de Deus, já correu livremente pelos campos da presença do Senhor. Já se alimentou de Sua mesa farta e já sentiu de perto Seu consolo, Seu amor e Seu perdão... E hoje está distante! Está fora do lar!... Pode me entender...
Em primeiro lugar, quem decide abandonar a Casa de Deus, precisa de boas justificativas para isso... E Satanás começa a lhes dar cada uma delas. Se justifica nos outros, se justifica nas coisas, se justifica nas estruturas. (O Diabo coloca as mãos sobre seus ombros, como um “bom amigo”, e começa a lhes enumerar as razões pelas quais deve deixar a igreja).
Este pródigo contemporâneo precisa também crer que longe haverá outras experiências, outros amigos, outras razões para viver. E no começo, Satanás, apresentará novas amizades, novos amores, novas oportunidades.
Mas o dia mau, ocorrido na parábola, chega. O tempo da escassez, da crise, da necessidade dos bons velhos amigos, também chega. E tudo aquilo que um dia foi deixado pelo Senhor se apresentará como únicas possibilidades de prosseguir. E o frescor dos cânticos de adoração, os sorrisos da expressão de felicidade na Casa de Deus, serão substituídos pelo mau cheiro do pecado e pelo fardo pesado de quem vive uma vida distante do Pai.
Não demore para voltar. Se hoje você está distante, depois de ter vivido tantos momentos maravilhosos com Deus, retorne. Não chegue ao seu limite, não aguarde pelo pior. Volte.
Saiba que o Pai Celeste aguarda ansioso pelo seu regresso. Olha atentamente para o horizonte esperando o dia em que você surgirá na paisagem, trazendo um novo colorido para a face de quem não desiste nem um dia sequer de você. Não lhe tratará como um empregado, antes lhe colocará um anel no dedo e sandálias nos pés. Porque você é o alvo de seus mais intensos pensamentos e sua volta, o mais profundo de seus desejos.
Não demore para voltar.

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