quinta-feira, 18 de junho de 2009

Os ensinamentos do Deserto


Já estive falando muito sobre desertos. Não dos desertos físicos ou palpáveis, mas daqueles que os olhos não podem ver, mas somente o coração sentir. São os desertos da alma. Não se trata de um lugar, mas de um momento em nossas vidas. Aquele tempo onde faltam os recursos, faltam as respostas, para muitos faltam até a esperança. É a experiência da mágoa, a dor da perda, a lágrima do abandono. Os desertos do coração são experimentados quando a ausência dos motivos para sorrir, é maior dos que as razões para seguir adiante. Eu já falei muito sobre desertos... Mas sempre foram os desertos dos outros.

Não é difícil falar de deserto hoje. Na minha mente de pai, ainda lateja a evidência de sua experimentação recente. Há cerca de um mês eu e minha esposa fomos levados ao deserto por ocasião da perda prematura do nosso segundo filho, enquanto entrava no 5º mês de gestação. Toda a expectativa e todos os preparativos para sua chegada foram substituídos por um sentimento horrível de frustração. A dor do inacreditável se misturava com a ânsia de encontrar respostas. Afinal, por quê?

O deserto mostra nossa pequenez. Normalmente os sucessos da vida nos causam a falsa sensação de que somos capazes de tudo. Que podemos conquistar tudo. Que somos auto-suficientes. No deserto enxergamos nossas falibilidades, nossas fraquezas e nossa total necessidade de Deus.

O deserto nos conduz para uma reflexão interior profunda. Na paisagem sem vida que nos circunda somos levados a olhar para dentro de nós mesmos. Como quem busca respostas, somos confrontados com nossos medos e nossas certezas. Reavaliamos nossa escala de valores e nos reposicionamos com relação à própria vida.

O deserto nos faz valorizar o não-deserto. Sacudidos de um lado para o outro pela rotina, nunca paramos para vislumbrar a beleza dos bons momentos. Acabamos por não desfrutar plenamente do sabor de cada vitória diária... A saúde da família, o abraço do amor, o sorriso dos filhos, a tranqüilidade do emprego. A estressante rotina nos faz esquecer do cheiro das flores e da beleza do azul do céu num dia de sol. O deserto nos leva de volta ao passado e, invariavelmente, afirmamos que “éramos mais felizes e não sabíamos”.

Muito mais coisas poderia dizer. Mas prefiro terminar aqui, enquanto tenho sua atenção... e dizer... Se está hoje num deserto, aprenda com ele. Mas acima de tudo, levante-se e mova-se. A maior lição do deserto ainda está para ser aprendida... Ele não é um fim, é somente um meio. A maior lição é esta... Existe vida abundante após os desertos da alma.

Eu e minha esposa estamos deixando o deserto muito melhores do que quando entramos. Toda glória disto, pertence ao Deus de nossas vidas. "Vinde, e tornemos para o Senhor porque ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida, e a ligará. Depois de dois dias nos dará a vida: ao terceiro dia nos ressuscitará, e viveremos diante dele. Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como a chuva serôdia que rega a terra. " (Oséias 6:1-3)

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